A LexisNexis, empresa especializada em pesquisa jurídica, desenvolveu o Protégé, seu assistente de inteligência artificial, com o objetivo de oferecer suporte direto a advogados, associados e paralegais. O Protégé ajuda na redação e revisão de documentos legais, garantindo que as referências citadas sejam precisas. Mas, em vez de utilizar modelos de IA gerais e amplos, a empresa optou por criar uma solução personalizada e adaptada ao fluxo de trabalho de cada escritório.
Segundo Jeff Reihl, CTO da LexisNexis Legal & Professional, a empresa aproveitou modelos de linguagem de grandes organizações como Anthropic e Mistral, mas priorizou resultados rápidos e precisos. “Usamos o melhor modelo para cada caso, focando em desempenho e tempo de resposta. Em alguns casos, modelos menores, como o Mistral, atendem bem às necessidades, especialmente após passarem por um processo de destilação para melhorar a eficiência e reduzir custos”, explicou Reihl.
A destilação como solução eficiente
A destilação, técnica em que um modelo maior “ensina” um modelo menor, tem sido amplamente usada por empresas que buscam soluções mais eficientes. Modelos menores são ideais para ferramentas como chatbots ou funções básicas de preenchimento de código, que foi justamente o foco do Protégé.
Embora a LexisNexis já trabalhasse com inteligência artificial antes do lançamento da sua plataforma LexisNexis + AI em 2024, a chegada do ChatGPT em 2022 trouxe um novo olhar para as capacidades generativas e conversacionais de IA. Isso impulsionou o desenvolvimento de novas funcionalidades para atender às demandas específicas do setor jurídico.
Modelos ajustados e mudança dinâmica
A LexisNexis adota uma abordagem multimodelo, utilizando diferentes tecnologias de fornecedores líderes. O LexisNexis + AI, por exemplo, integra modelos como Claude (Anthropic), GPT (OpenAI) e Mistral. Essa estratégia permite dividir as solicitações dos usuários em etapas e determinar o modelo mais adequado para executar cada uma delas.
Para o Protégé, a empresa ajustou modelos menores para uso específico em tarefas jurídicas. “Não é necessário um modelo como o GPT-4 para analisar uma consulta simples. Usamos modelos mais robustos apenas para tarefas mais complexas ou quando necessário”, disse Reihl. O fluxo envolve começar com um modelo otimizado do Mistral para entender a intenção da pergunta e, em seguida, alternar para outro modelo mais apropriado, dependendo da necessidade, como gerar consultas ou resumir resultados.
Atualmente, o Protégé utiliza principalmente o modelo ajustado do Mistral. No entanto, a empresa já testou outras opções, como versões personalizadas do Claude e está avaliando modelos da OpenAI, incluindo o o3, com capacidades avançadas de raciocínio.
Além disso, a LexisNexis considera o uso de modelos Gemini, do Google, no futuro. A base de toda a plataforma de IA da empresa é um grafo de conhecimento próprio que aprimora tarefas como a geração de respostas através de recuperação de informações (RAG).
Protégé: o assistente jurídico do futuro
Desde 2017, a LexisNexis já explorava o uso de chatbots no setor jurídico. Com o Protégé, a empresa reúne ferramentas que auxiliam escritórios de advocacia em tarefas cotidianas, como redação de petições, sugestão de próximos passos em fluxos de trabalho, elaboração de perguntas para depoimentos e descobertas, e geração de resumos de documentos complexos.
Segundo Reihl, o objetivo é personalizar ainda mais o assistente. “Cada profissional jurídico, seja em fusões e aquisições, litígios ou mercado imobiliário, terá um assistente adaptado à sua rotina e necessidade específica.”
No mercado, o Protégé compete com outras soluções avançadas, como o CoCounsel, da Thomson Reuters, e o assistente jurídico da Harvey, que já arrecadou milhões em investimentos, incluindo contribuições da própria LexisNexis. A disputa por inovação no setor jurídico tornou-se um movimento crescente, com cada empresa buscando se destacar oferecendo mais eficiência e precisão.