A Infinite Realms está inovando ao transformar livros de fantasia populares em mundos interativos e dinâmicos usando inteligência artificial.
Criando jogos a partir de livros
A empresa, originada do estúdio de jogos Unleashed Games, tem o objetivo de licenciar livros de fantasia de autores consagrados e convertê-los em jogos. Irena Pereira, CEO da Infinite Realms, explicou que a ideia surgiu durante uma conversa com a diretora de marketing Vanessa Camones e um investidor experiente.
Embora a Unleashed continue a desenvolver “Haven”, um jogo de aventura inspirado em World of Warcraft, a Infinite Realms pretende unir a criatividade de autores, desenvolvedores e jogadores independentes com as ferramentas rápidas e acessíveis da IA. O projeto começou como um sistema de suporte para a Unleashed, mas agora funciona de forma independente.
Pereira descreveu a Infinite Realms como um motor baseado em IA capaz de transformar manuscritos em mundos interativos e jogáveis. Esse motor pode ser licenciado para estúdios de jogos interessados em criar experiências baseadas em propriedades intelectuais já existentes.
Resolvendo desafios na indústria de jogos
Um dos maiores desafios na criação de jogos são os custos elevados, os riscos de trabalhar com propriedades intelectuais originais e a saturação de continuações. Além disso, taxas de plataformas acabam reduzindo os lucros, o que leva a demissões e insatisfação dos jogadores.
Pereira acredita que a solução está em novas formas de distribuição, conectando os jogadores com mundos que já conhecem e amam. Ela destaca que muitos autores, incluindo amigos pessoais, já venderam milhões de livros e possuem audiências apaixonadas, tornando esses universos perfeitos para serem explorados em jogos.
“Os fãs desses livros são dedicados e adorariam interagir com essas histórias em forma de jogo”, afirmou Pereira. Ela também mencionou que transformar esses livros em jogos pode reativar o interesse nos livros originais, criando um ciclo vantajoso para autores e jogadores.
Revivendo universos esquecidos
Combinando vendas de livros, IA e conteúdos gerados por usuários, a Infinite Realms vê potencial em reviver comunidades de fãs e apresentar esses universos a novas gerações por meio de jogos. A IA ajuda a reduzir o tempo de desenvolvimento e os custos, utilizando modelos de linguagem personalizados para cada universo.
Esses modelos permitem que autores e a empresa sejam coproprietários das propriedades intelectuais, que podem ser licenciadas para desenvolvedores de jogos e até mesmo jogadores. Os modelos também possibilitam conversas sobre o universo literário e a criação de novos conteúdos pelos próprios fãs.
Construindo mundos interativos
Pereira destacou que, no passado, livros bem-sucedidos podiam ser adaptados para cinema ou TV. Com a Infinite Realms, é possível interagir com personagens amados em mundos digitais. A empresa pretende criar uma “Netflix de mundos interativos”, onde os jogadores podem explorar diversos universos literários de forma fluida.
Os modelos de linguagem também podem atuar como “polícia canônica”, garantindo que novos conteúdos sejam consistentes com o material original. As possibilidades para os jogadores variam desde criar vídeos ou telas interativas até jogos completos.
“Esse conceito pode escalar para diversas propriedades intelectuais, transformando a Infinite Realms em uma espécie de biblioteca digital interativa”, disse Pereira.
Trabalhando com respeito às propriedades intelectuais
A Infinite Realms garante que todos os projetos são realizados com aprovação dos autores, e os modelos de linguagem implementam regras sobre o que os jogadores podem ou não fazer. Para autores de menor porte, a parceria oferece uma oportunidade acessível para transformar suas obras em jogos.
Pereira acredita que a plataforma pode ajudar a revitalizar a indústria editorial, oferecendo novos formatos para explorar histórias já consolidadas. Ela também destacou que a empresa está em busca de novos investimentos para expandir suas operações.
Para testar o mercado, a Infinite Realms realiza experimentos com fãs a fim de identificar quais universos têm maior potencial para adaptação.
“Estamos redesenhando nossa abordagem de IA para respeitar os direitos autorais e proteger o trabalho dos autores”, concluiu Pereira.